quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Reeleição na CGADB & Sugestões e Idéias do Pr Geremias do Couto !

Terceira Via: venha para a rede assembleiana

Faça parte da rede assembleiana em favor da Terceira Via

O interesse pelas propostas da Terceira Via na CGADB supera as expectativas. É possível perceber bastante predisposição, não só em diversos comentários publicados no blog, mas também em conversas com pastores, por telefone, e através dos emails dos mais diferentes lugares que chegam à minha caixa eletrônica. Até de maneira indireta alguns episódios recentes sugerem a viabilidade da proposta, como foi o caso de duas eleições “fora da caixa", em estados bem distantes um do outro, sem qualquer interconexão, em que os candidatos institucionais não lograram vencer.

Pr. João Ceno Ohwiler
Em Santa Catarina, o pastor Arcelino Melo, que presidia a Convenção do Estado por alguns mandatos, foi surpreendido pela vitória de seu concorrente, pastor João Ceno Ohweiler. Não custa lembrar: o candidato que buscava a reeleição é 2° Secretário da Mesa Diretora da CGADB, o que, em certo sentido, poderia ser considerado vantagem na campanha eleitoral. Mas as urnas disseram o contrário.

Em Campina Grande, PB, com a morte do pastor Francisco Pacheco, assumiu a presidência, tanto da igreja como da Convenção, em caráter interino, o pastor Emídio Barbosa de Brito, então  vice-presidente, que vem a ser filho do pastor chamado à glória. Aqui, outra vez, seguida a lógica, era de se esperar que fosse eleito. No entanto, quem venceu as eleições realizadas no dia 10 de julho, com 70,3% dos votos foi o pastor Daniel Nunes da Silva, outra surpresa para quem acha difícil romper o status quo.

Pr. Daniel Nunes da Silva
Embora sejam situações isoladas, e não haja qualquer vínculo, direto ou indireto, com a proposta da Terceira Via, mostram sem nenhuma dúvida o desejo generalizado dos pastores em busca de novas soluções convencionais, com imenso potencial de chegar até a CGADB. Ou seja, é amplo o horizonte. Todavia, o grande questionamento que temos discutido, inclusive com alguns presidentes de Convenção – e que aparecem também, aqui, em alguns comentários é sobre que caminho percorrer para consolidar a proposta e torná-la viável sem assimilar os mesmos vícios que estamos combatendo. 

Não é demais repetir: creio na soberania Deus. O que ele fizer, sempre será bem feito, apesar de nos sentirmos, aqui e ali, aparentemente não contemplados por sua vontade. Só o tempo nos ajuda a entender que não fomos esquecidos por suas dadivosas mãos. Mas temos de convir que Deus trabalha também através de seus instrumentos. Quem sabe não foi para esta hora que permitiu surgir a ideia, com o propósito de reconstruir os nossos muros já quase destruídos? Desafios há em tudo quanto se faz. Neemias não reconstruiu Jerusalém sentado em tapete persa e tocando flauta. O seu maior desafio foram os opositores. Eles queriam que tudo ficasse como estava. Os seus interesses estavam em jogo. 

Mas eis a grande questão: como chegar lá? 

Em primeiro lugar, sem nos esquecermos de que já há muita gente orando nesse sentido, este é o momento de conclamarmos ainda mais o povo à oração, através da qual sintonizamos a nossa vontade à de Deus e aprendemos a lhe pedir o que convém. No caso da Terceira Via, que nenhum dos nossos passos seja dado sem a sua direção e este movimento não seja simples quimera, mas o resultado de algo plantado por Deus em nossos corações. 

Em segundo lugar, a melhor maneira de se propagar uma ideia é formar uma rede de pessoas, que se encarregam de compartilhá-la com outras e expandir passo a passo o círculo com aqueles que, de igual modo, passarão a ideia adiante. É um processo continuado e crescente para o qual lhe convidamos a participar. Não podemos prescindir disso. Temos de contar com essa rede poderosa de irmãos assembleianos, em todo o Brasil, inclusive os pastores que por aqui passam, para contagiar os seus pares com a mensagem da Terceira Via. É como uma pedra jogada no rio. Ela forma círculos concêntricos que se ampliam até se espalhar pelas águas.

Em terceiro lugar, além dos presidentes de convenções estaduais com os quais já conversamos, a proposta da Terceira Via será levada a outros presidentes e líderes regionais através de novas conversas e de documentos que explicitem tudo o que temos discutido no blog e em outros fóruns. Enquanto a proposta se espalha entre os pastores e irmãos por meio da imensa rede assembleiana, a liderança terá também a oportunidade de orar e pensar sobre o assunto para tomar a sua decisão. 

Em quarto lugar, a Terceira Via acredita que as convenções estaduais precisam criar o mais cedo possível um fundo financeiro para levar os seus associados à Assembleia Geral Ordinária da CGADB em abril de 2013. É fundamental essa decisão. Ela evitará que as convenções se tornem reféns de qualquer candidato que ofereça ajuda de transporte e hospedadem, bem como o pagamento de anuidades atrasadas na CGADB, o que fere não só o princípio de isonomia, mas sobretudo as normas estatutárias estabelecidas para a eleição, prevendo, inclusive, punição para esse tipo de conduta. 

Em quinto lugar, a Terceira Via não usará os métodos seculares "pouco ortodoxos", que teriam sido adotados nas eleições anteriores, o que não quer dizer passividade. Com isso, terá força moral para acompanhar e fiscalizar, passo a passo, os comportamentos eleitorais de cada candidato e denunciar nos fóruns competentes todo e qualquer abuso que se verificar na busca de votos, trazendo, inclusive, ao conhecimento público. Podemos e devemos, como cristãos, fazer uma eleição limpa, salutar e exemplar, que, ao final, todos possam dizer: crescemos em maturidade e alcançamos a benevolência do Senhor.

Em sexto lugar, definida a consistência e viabilidade da proposta, após vericar-se que foi, de fato, abraçada pelos pastores em todo o Brasil, os quais terão liberdade de nos encaminhar as suas sugestões, a Terceira Via pretende reunir-se, em hora oportuna, agora já como  movimento, para definir o nome que encarnará, com bom espírito, as suas propostas  e disposição redobrada para levá-las adiante, sem sair dos trilhos, vindo a ser eleito em 2013.

Em sétimo lugar, a Terceira Via, coerente com a proposta que defende, terá custos bem modestos. Mesmo assim,  com a finalidade de dar total transparência aos seus atos, apresentará, juntamente com o registro da candidatura, uma planilha com a previsão de custos, onde e como os recursos serão aplicados e as fontes de custeio. As outras candidaturas não poderiam adotar o mesmo gesto?


Estamos abertos para ouvir. Você pode publicar, aqui, o seu comentário com críticas e sugestões desde que se identifique e prime sempre por uma linguagem sadia. Se preferir, envie-nos por email para o endereço eletrônico que disponibilizamos somente para este fim: gerecouto@gmail.com 


Faça parte da imensa rede assembleiana em favor da Terceira Via na CGADB.


PS Sintam-se à vontade para reproduzir a postagem (como também as outras sobre a Terceira Via) em seus blogs. Isso ampliará a força da multiplicação. Se tiverem acesso aos seus pastores, ofereça-lhes cópias para que se inteirem da proposta, caso ainda não saibam.

Terceira Via na CGADB: conheça as propostas (2)


Com esta segunda postagem, espero concluir a apresentação das linhas mestras que formatam a proposta da terceira via na CGADB. Elas não se esgotam em si mesmas. Ao contrário, geram outras perspectivas, que, ao longo do processo, até 2013, adensarão o seu conteúdo e fornecerão aos pastores filiados à CGADB elementos para julgar a sua conveniência como resgate de valores na administração de nossa Convenção Geral. 

Se elas conseguirem criar o tônus necessário na maioria dos pastores para furar o bloqueio que se criou em volta da polarização, a terceira via poderá chegar a bom termo. Em outras palavras, se houver disposição – e essa for a vontade de Deus – poderemos desfrutar de um novo tempo em que a alternância na presidência da CGADB seja vista como algo salutar ao bom desempenho da organização, que, em suma, não deixa de ser uma extensão da própria Assembleia Deus, pois congrega os pastores responsáveis pelo seu pastoreio. 

Feitas essas considerações, passemos aos próximos pontos, seguindo a sequência mantida na postagem anterior. 

Em quinto lugar, a proposta da terceira via reconhece que o sistema denominacional assembleiano não obedece a um critério simétrico em que a administração eclesiástica funcione da mesma forma em todo o Brasil. Há enormes diferenças até mesmo dentro de uma região. Não é preciso ser especialista para perceber que o nosso modelo é híbrido. É uma espécie de arquipélago. Se, por um lado, devemos respeitar as peculiaridades de cada lugar, por outro é necessário lutar para manter a nossa identidade e buscar a coesão, principalmente em relação aos projetos de abrangência nacional. Não é também utópico pensar numa forma de corrigir e aprimorar o nosso modelo mediante planejamento de longo prazo. Algo para ser pensado de forma lenta, racional e consensual.

Em sexto lugar, a proposta também contempla a necessidade de um choque de gestão na administração da CGADB, que, entre outras coisas, torne a entidade autossustentável, ofereça aos seus órgãos condições de exercerem plenamente os seus fins e lhe permita prestar serviços aos seus filiados inerentes à atividade pastoral. Não é justo e nem adequado para a realidade de hoje que os associados sejam chamados a pagar a sua anuidade, mas, ao mesmo tempo, nada se lhes ofereça como meio de ajudá-los no exercício de sua vocação. A título de exemplo, o Concilio Geral das Assembleias de Deus nos EUA dispõe de um fundo para ajudar na plantação de novas igrejas em áreas ainda inexploradas e/ou com poucos recursos. Seria absurdo pensarmos em algo assim? Como se vê, o campo é vasto. 

Em sétimo lugar, a proposta da terceira via reconhece que a CPAD, embora tenha dado um salto de qualidade nos últimos anos, pode ainda aprimorar em muito a sua capacidade de gestão de tal maneira que seja de fato um braço forte da igreja na área literário-teológica e na fomentação da educação cristã. Por ser uma empresa que não distribui lucros, é possível trabalhar com segurança na margem de sua rentabilidade para que os custos sejam menores e as igrejas com menos recursos desfrutem de melhores condições para a aquisição do seu material. Afinal, a CPAD foi criada para servir a Assembleia de Deus. Uma medida imediata seria valorizar o autor nacional de forma que a editora dependesse menos de obras traduzidas e os nossos valores pudessem ter nela um espaço maior para desenvolver o seu ministério. 

Em oitavo lugar, a terceira via entende que a CGADB não pode furtar-se do papel de voz profética no âmbito institucional, como representante das Assembleias de Deus no Brasil. Não basta apenas a presença do presidente em determinados fóruns. É preciso que a ação da entidade vá além disso e faça com que ela se manifeste com clareza em todas as ocasiões que se fizer necessário. Hoje, esse tipo de manifestação soa imperceptível por falta de funcionalidade na estrutura para reagir com rapidez às questões contemporâneas e dar respostas imediatas. 

Em nono lugar, na hipótese de a terceira via vir a ser a alternativa acolhida pela maioria dos filiados à CGADB, sua primeira iniciativa deveria ser convocar de imediato uma reunião com os presidentes de convenções estaduais e outros líderes regionais, que seria realizada, no máximo, 30 dias após a Assembleia Geral Ordinária de 2013, com o propósito de se recolherem por cinco dias para: 1) oração e estudo da Palavra, 2) estabelecer de forma colegiada, juntamente com a nova Mesa Diretora, as diretrizes de ação para o quadriênio, e 3) referendar, com a devida vênia da Assembleia, os nomes que comporão conselhos e comissões da CGADB à luz da nova realidade. Essa seria uma maneira de comprometer toda a liderança assembleiana com o novo projeto, que estaria sendo gestado de forma exequível numa atmosfera fraterna, pacífica e espiritual, com prazo de validade: quatro anos. 

Outros pontos podem ser acrescentados e certamente o serão à medida que a proposta da terceira via se torne robusta. Mas para começar, como pontapé inicial, as linhas gerais aqui apresentadas estão de bom tamanho. Temos uma longa caminhada. Alguém mais apressado dirá: “Mas cadê o programa, com iniciativas concretas?” Primeiro, essa questão não é, agora, prioritária. Segundo, pelo parágrafo anterior, deu para perceber que tal programa seria fruto de decisão colegiada com os presidentes e lideres regionais 30 dias após a Assembleia Geral Ordinária que tenha eleito a nova Mesa Diretora. Terceiro, se cada um se deu ao trabalho de ler nas entrelinhas verá que todas as ações estão aí implícitas. 

Por outro lado, qualquer programa apresentado por postulantes a cargos eletivos, até na atual conjuntura da CGADB, tem mera função eleitoral. É feito para agradar o eleitorado. Promete-se muito, cumpre-se pouco ou nada. Na maioria dos casos, são fantasiosos, como o caso de um candidato a prefeito no Estado do Rio de Janeiro, que prometeu instalar internet de graça em toda a cidade. Foi eleito e até hoje não cumpriu a promessa. E nem vai cumprir.

A proposta da terceira via, se consolidada, não entrará nessa guerra de efeitos especiais. Se o fizer, deixará de ser a alternativa ao que aí está. Ela não é a construção de um só homem. Não é também a construção de um grupo. Não é também fruto de um "colégio cardinalício". É a construção de milhares de mãos que acreditam na possibilidade de se resgatarem os valores do Reino de Deus no âmbito convencional. É a tentativa de agregação que, infelizmente, não aconteceu nas comemorações do Centenário.

Na próxima postagem, se Deus quiser, falarei sobre como seria a caminhada da terceira via até abril de 2013.

Terceira Via na CGADB: conheça as propostas (1)


Há algum tempo tenho falado sobre a hipótese de uma terceira via na CGADB. Já ventilei o assunto com vários pastores, incluindo-se aí alguns presidentes de convenções estaduais. Encontrei bastante receptividade. Sei que se trata de uma proposta bastante arrojada e que terá de enfrentar muitos desafios para ser viabilizada. Pelos comentários da postagem anterior, e por tantos outros que recebo pessoalmente, percebo, de um lado, terreno bastante fértil, mas, de outro, as legítimas preocupações naturais sobre como lograr êxito diante de um quadro já polarizado entre dois nomes – José Wellington Bezerra da Costa e Samuel Câmara – que certamente estarão mais uma vez, em 2013, postulando a presidência da CGADB.

Tenho por hábito não sonhar acordado. Não vivo de glamour. Os meus pés não pisam as estrelas. Sei que as luzes do palco se apagam. Sei também das imensas dificuldades pela caminho e, sobretudo, busco estar antenado à soberania de Deus, mesmo com todas as minhas ambiguidades e fragilidades. Mas deixo este ponto para a conclusão da postagem. O que desejo destacar, agora, é o fato de nenhuma ideia ter prosperado, não houvesse alguém que tomasse a iniciativa.

Sempre encontramos, ao longo da história, quem estivesse disposto a riscar o fósforo – no bom sentido, é óbvio – e incendiar o mundo com os seus bons ideais (não desconheço também que o mal usa as mesmas ferramentas, às vezes até com mais eficiência). No inicio foi uma pequena chama, que se poderia apagar com o sopro da própria boca. No entanto, muito do que hoje desfrutamos resulta do esforço criativo de pessoas que acreditaram nas suas propostas, embora, inicialmente, parecessem plantar em terreno árido. Com sinceridade, não sei qual será o resultado final da ideia que estamos semeando, mas alguém precisava dar o pontapé inicial. Eu me dispus a fazer isso, com todas as consequências que possa acarretar.  

Em primeiro lugar, a proposta da terceira via na CGADB visa romper a polarização que aí está já há alguns anos, como se houvesse na organização apenas duas pessoas qualificadas para postularem a presidência. Sem entrar no mérito da capacidade dos dois nomes acima citados, há muitos outros quadros na Convenção Geral que têm condições de sobra para exercer a função. O pastor Maurício Brito questiona, em seu comentário à postagem anterior: “Quem se habilita?” É uma pergunta retórica, pressupondo que não há quem tome a iniciativa. Até quando vamos aceitar o status quo? Bem lembrou Carlos Lucena: quanto mais candidatos houver, melhor para a CGADB. O estatuto em vigor contempla essa possibilidade.

Em segundo lugar, a proposta não se vincula, por hora, a um nome. Se viesse já carimbada, perderia finalidade para se tornar apenas mais um projeto político-eclesiástico, com as mesmas nuances negativas que sobrecarregam as duas possíveis candidaturas mencionadas. Neste momento, é extremamente importante que se conheçam as linhas mestras da terceira via para que sejam bem debatidas entre os filiados da CGADB não só para que lhe agreguem valor, mas, sobretudo, para que tenhamos noção exata da sua viabilidade. Mais à frente, com a proposta bem consolidada, se definiria o nome de quem melhor encarnasse os seus princípios. 

Em terceiro lugar, a terceira via não pretende percorrer os caminhos supostamente percorridos pelos postulantes das eleições anteriores, tanto no Ahnembi, em São Paulo, quando a candidatura de “oposição” inaugurou um novo estilo de fazer campanha, quanto em Serra, ES, em que os dois teriam lutado ombro a ombro com as mesmas armas. Recebi por email a informação que uma campanha desse gênero custaria entre cinco e 10 milhões de reais. A ser verdade, e tivesse a terceira via de empregar tal estratégia, já nasceria morta, pois carregaria sobre si o estigma contra o qual temos combatido: o uso de métodos seculares de campanha pouco ortodoxos na CGADB. Lutar contra isso é uma das linhas mestras da terceira via. 

Em quarto lugar, a proposta tem como fim resgatar em nossa CGADB os valores do Reino que tanto pregamos em nossos púlpitos e que, neste trimestre, se constitui a espinha dorsal das lições bíblicas de nossas escolas dominicais. Somos bons em ensinar aos outros, mas ruins quando temos de praticar o que ensinamos. É constrangedora essa afirmação, mas o comportamento de muitos pastores em nossas assembleias convencionais não comporta pensar de outra maneira. Pressupor, por exemplo, como algo natural à vida de uma instituição cristã o modus faciendi  da política secular é visão reducionista e, ao mesmo tempo, dicotômica, como se a vida cristã fosse compartimentada. Aqui se vive de uma forma. Lá se vive de outra. O comportamento que ensinamos aos outros, à luz dos princípios bíblicos, precisamos exigi-los de nos mesmos onde quer que estejamos. A terceira via tem esse ponto como premissa básica. 

Percebo que a postagem se tornará longa, se continuar a apresentar os demais pontos. Ficarão para uma segunda postagem. Todavia, para cumprir o que prometi acima, afirmo que não quero jamais lutar contra a soberania de Deus. O que isso significa no contexto em que escrevo? Pode ser que o propósito divino seja mesmo a implosão do nosso sistema institucional. Se o for, sequer a terceira via será capaz de impedir. Todavia, devo seguir adiante com a proposta por uma razão muito simples: quem sabe o Senhor nos está dando, também, uma última oportunidade para que a vinha floresça? 

Nada melhor, portanto, do que terminar com um dos pedidos da oração do Pai Nosso: “Venha o teu Reino, faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu”, Mateus 6.10.

Centenário e Terceira Via: o que têm em comum?


 Centenário das Assembleias de Deus no Brasil já é história. Qualquer análise que se faça agora corre o risco da parcialidade. Ainda estamos sob o calor das comemorações e à sombra dos episódios que marcaram as etapas de preparação para os eventos. Qualquer consideração feita daqui a cinco ou 10 anos certamente terá a isenção necessária para melhor emitir juízo de valor. O tempo coopera para dissipar dúvidas, apurar dados, filtrar informações, ajuntar peças e, com isso, produzir uma análise mais racional. Mas não posso postergar a minha avaliação até porque tomei a atitude de ficar distante das celebrações pelos motivos já conhecidos, o que me dá alguma isenção para dizer o que penso sem deixar de ser fiel aos fatos. Uma razão a mais é que estamos prestes a ver o início de outro processo: a deflagração das articulações para a escolha do novo presidente da CGADB em 2013. Não há como dissociar o Centenário das eleições. Ambas as coisas se interconectam.

Não discuto aqui a legitimidade de a Igreja-Mãe ter promovido a sua comemoração. Nada mais justo que os irmãos de Belém celebrassem a data. Direito liquido e certo. Sempre defendi isso. Foi ali que, por direção de Deus, aportaram os dois pioneiros, Gunnar Vingren e Daniel Berg, para plantar a semente das boas novas e lançar as bases do movimento pentecostal, que depois se espalhou por todo o Brasil. Quem conhece a história sabe quantas lágrimas foram derramadas, quantas perseguições enfrentadas, quantos percalços ultrapassados para que a obra prosperasse e alcançasse todos os rincões do país. Tenho as minhas reservas quanto ao uso de fogos de artifício, gelo seco e ao nome de um ou outro pregador, mas este não é o nosso assunto. O ponto é que a celebração era legítima.

A grande pergunta que me fazem, no entanto, é se a ida dos pastores Samuel Câmara e Firmino Gouveia às celebrações da CGADB uma semana antes, em Belém, bem como a presença do Presidente da CGADB, juntamente com a Mesa Diretora da organização, nas celebrações da Igreja-Mãe, representaram a tão sonhada unidade no Centenário. Perguntam-me se isso teria sido resultado do movimento que lançamos em nossos blogs. Tenho os pés no chão. Procuro não ser ufanista. Se, por um lado, a nossa luta foi legítima, por outro reconheço que não alcançamos o fim desejado, embora tenhamos contribuído, como elemento de pressão, para que esse gesto protocolar ocorresse. Não se poderia esperar outro comportamento. Prevaleceu o bom senso. Mas ficou muito longe do que, de fato, era o desejo de milhares de assembleianos em todo o Brasil.


Tenho as seguintes razões para pensar desta forma.


Em primeiro lugar, o nosso anseio era que houvesse uma só comemoração, reunindo  CGADB, CONAMAD e Igreja-Mãe. Foi o que propus ao pastor José Wellington Bezerra da Costa e ao Diretor Executivo da CPAD, Ronaldo Rodrigues de Souza, logo após o resultado das urnas, na Assembleia Geral Ordinária da CGADB realizada em Serra, ES, em abril de 2009. Esse foi também o espírito do movimento lançado em nossos blogs. Para que tal objetivo fosse alcançado, havia a necessidade de a celebração ser organizada por uma coordenação que tivesse representantes e contemplasse de maneira justa os ideais das três partes. Essa foi a ideia que passei aos líderes há pouco mencionados. Isso, todavia, jamais aconteceu.

Em segundo lugar, o pastor Samuel Câmara, com justa razão, foi enfático em Cuiabá, MT, por ocasião da última Assembleia Geral Ordinária da CGADB, que não concordava com as celebrações paralelas da CGADB em Belém. Eu também jamais concordei. Inicialmente, quando soube que haveria um evento da organização na capital paraense, pareceu-me tratar-se apenas de um encontro de lideranças, não aberto ao público, para uma celebração interna. Não demorou muito para compreender que a minha percepção estava errada. Havia também a previsão de uma comemoração aberta. Ora, a meu ver, tal iniciativa não tinha o menor cabimento. Mas o pastor da AD centenária disse na mesma fala que, mesmo sem concordar, não tolheria a participação dos membros da Igreja-Mãe no evento. Portanto, é de se pressupor que sua ida, juntamente com o pastor Firmino Gouveia, foi consequência natural do que prometera em Cuiabá e um gesto de consideração para com a CGADB. Ou seja, ele não teria mudado de opinião a respeito.

Em terceiro lugar, a ida dos principais líderes da Igreja-Mãe ao evento promovido pela CGADB criou uma nova situação. Depois disso, seria constrangedor se o nosso presidente, juntamente com a Mesa Diretora, não participasse das festividades da Igreja-Mãe. Sei de fonte fidedigna que teria havido contato prévio para se informar sobre como seriam recebidos, tendo em vista toda a “tensão” vivida durante o planejamento das celebrações, em virtude das causas já aludidas. O fato é que lá estiveram, não houve nenhuma hostilidade, foram bem acolhidos, mas tratou-se simplesmente do cumprimento de um ritual protocolar. Não houve nenhum milagre, nada mudou, o lavar os pés uns dos outros não aconteceu. Isto quer dizer que, embora com a presença de caravanas de várias partes do país, a celebração continuou sendo da Igreja-Mãe, sem as caractarísticas propostas por mim à liderança de nossa Convenção e pelo movimento lançado em nossos blogs. Uma semana antes a CGADB fez o seu evento, a meu ver extemporâneo, porque realizado unilateralmente em Belém, e uma semana depois a Igreja-Mãe fez o seu, perfeitamente legítimo, por ser ela a origem de todas as demais. Esses são os fatos


Com o intuito de reivindicar a pretensa unidade na celebração, alguém poderá dizer que houve, na oportunidade, um acordo para o reconhecimento da CIMADB (Convenção que reúne os pastores da Igreja-Mãe) pela Mesa Diretora da CGADB, com o compromisso de referendá-la posteriormente no plenário convencional, como noticiado no Point Rhema. Mas isso ocorreu sob forte pressão, inclusive de uma liminar que garantia judicialmente esse reconhecimento. Por outro lado, não fazia sentido a CGADB reconhecer outros casos similares no Brasil e postergar a solicitação de Belém por mero capricho ou, provavelmente, pela não concordância da COMIEADEPA. Embora eu entenda que essas homologações plurais de convenções em um mesmo Estado, com jurisdição em outros estados, tornem a nossa estrutura eclesiástica ainda mais tortuosa, esse é o sistema que vigora. Ou seja, deixar de homologar a Convenção da Igreja-Mãe em nada o melhoraria. É o sistema que precisa ser reestruturado, mas aí são outros quinhentos. Assim, se o acordo, de um lado desanuvia o ambiente, de outro só fez formalizar uma situação já existente, resultando apenas na retirada do instrumento judicial que garantia a liminar. Isso em nada mudou o modo como os 100 anos das Assembleias de Deus no Brasil foram e estão sendo celebrados.

A verdade é que o Centenário encerra apenas um capítulo no âmbito dos embates dentro da CGADB. Outro agora se inicia, com o seu ápice previsto para abril de 2013, mês das eleições para um novo mandato à frente da nossa Convenção. Daqui a pouco a campanha estará nas ruas, certamente com o mesmo rito e as mesmas práticas das duas últimas eleições anteriores. Em um polo, o pastor Samuel Câmara como candidato. Pelo menos é o que deduzo das palavras de alguém que se assina por Sóstenes, conforme o print abaixo do seu comentário no Point Rhema. Em outro polo está o pastor José Wellington Bezerra da Costa (o atual estatuto lhe dá direito a uma reeleição) ou outro nome que, eventualmente, ele vier a apoiar. Em outras palavras, a polarização continua e ganhou contornos mais acentuados com o Centenário. É como se fosse um cabo de guerra. Estaremos, portanto, entre duas opções que, a meu ver, não mais atendem aos anseios das Assembleias de Deus no Brasil.






Por essas e outras razões venho falando há mais de um ano na necessidade de uma terceira via para romper com essa polarização, que esgarça cada vez mais a CGADB. Tenho conversado com muita gente, venho divulgando no twitter, e percebo bastante simpatia pela ideia. 

Mas o que é essa terceira via como proposta?

Este será, se Deus quiser, o  tema de minha próxima postagem.

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