Jefté Sacrificou a sua filha, ou Não ? - Jz 11.29-40
Estudiosos
Bíblicos abordam este tema em duas frentes, até
porque o assunto nos dá esse entendimento. Se nos atermos ao princípio da expressão ou sentido literal do texto, não é
tão difícil chegarmos a um consenso.
Jefté em hebreu, significa Javé abre e Liberta
Quem foi Jefté ? - Jefté foi um dos Juízes de
Israel por 6 anos, tendo como grande conquista, a libertação do seu povo
da opressão dos Amonitas.
Era um valente guerreiro, filho
de uma prostituta. Seu pai chamava-se Galaad. Outros filhos de Galaad tempos depois,
expulsaram Jefté da convivência familiar, sob o argumento de que ele não
deveria ter parte na herança da família, por ser filho de uma mulher que não
era a mãe deles, o que causou um conflito familiar intenso. A solução foi Jefté deixar a
sua família, e se refugiar em Tob, onde se juntou a um grupo de
pessoas nada adminável – vadios que
passaram a segui-lo.
Como a
vida dá voltas, mais tarde os Amonitas entraram em guerra contra Israel, e os líderes de Gallad foram
buscar justamente Jefté em Tob, para ser o comandante militar deles, contra os inimigos agressores. A coisa havia mudado de figura.
A rejeição de antes, havia se transformado em respeito e dependência, essas coisas que somente Deus faz.
A rejeição de antes, havia se transformado em respeito e dependência, essas coisas que somente Deus faz.
Um voto precipitado, diante de
uma necessidade Urgente – O desafio de Jefté era grande, e a saída
que ele encontrou antes de partir para o embate, foi fazer um voto ao Senhor; caso
ele retornasse para casa vitorioso, o
primeiro ser que saísse pela porta de sua casa, ao seu encontro, seria oferecido em holocausto ao Senhor. Jz 11.30-31
Vers. 30 E Jefté fez um voto ao Senhor, e disse : Se totalmente deres
os filhos de Amom na minha mão,
Vers. 31 Aquilo que, saindo da porta de minha casa, me vier ao
encontro, voltando eu dos filhos de Amom em paz, isso será do
Senhor, e o oferecerei em holocausto.
Há duas linhas de interpretação
desse texto :
1.1
O texto não deixa dúvida, quanto ao voto de Jefté, ao prometer ao
Senhor a primeira pessoa que
saísse à porta de sua casa ao seu encontro, caso
ele voltasse vencedor do combate com os Amonitas.
Ele disse
: “Essa pessoa será do
Senhor, e eu a oferecei em holocausto”. Assim votou Jefté.
Se
trouxermos esse texto para uma Exegese mais profunda, logo observaremos que
faz-se necessário entender antes, por exemplo, o que significa holocausto, e qual era a posição de Deus em
relação a sacrifícios humanos.
Holocausto – Era o
lugar onde se oferecia a Deus um
sacrifício. Sempre se sacrificava animais, por isso não faltava lenta e
fogo. Ao final, esse sacrifício terminava em cinzas. No caso de Abraão e
Isaque, Gn 22,01-14, Deus
providenciou uma vítima para substituir Isaque. Na época de Salomão aconteciam
tais sacrifícios humanos praticados pelas suas mulheres vindas do estrangeiro,
e que moravam no chamado “Monte do Escândalo”, situado à frente do templo.
Os
Amonitas, inimigos de Israel naquele combate, praticavam sacrifício humano :
“2 Rs 03.27 Então tomou a seu filho primogênito, que havia de reinar em seu lugar, e
o ofereceu em holocausto sobre o muro; pelo que houve grande indignação em
Israel; por isso retiraram-se dele, e voltaram para a sua terra”,
Os
Israelitas também o faziam : 2
Rs 21.06 E até fez passar a seu filho pelo
fogo, adivinhava pelas nuvens, era agoureiro e ordenou adivinhos e feiticeiros;
e prosseguiu em fazer o que era mau aos olhos do Senhor, para o provocar à ira.
A lei entretanto, proibia tais
práticas :
Dt 12.31 Assim não farás ao Senhor teu Deus; porque tudo o que é
abominável ao Senhor, e que ele odeia, fizeram eles a seus deuses; pois até
seus filhos e suas filhas queimaram no fogo aos seus deuses.
Nota : Esses sacrifícios com vítimas humanas, eram oferecidos sempre antes
dos combates, nunca depois. Com esses dados, contextualizando este fato à
luz da compreensão e práticas da época, somos levados a uma segunda análise :
1.2 Exegetas
entendem que o sacrifício a que foi submetida a moça, se
referia a sua virgindade. Segundo a lei de Moisés, aquele
que se dirigisse a Deus, e lhe fizesse um voto, deveria cumpri-lo. Jefté foi
imprudente ao fazer tal voto, e condenar a sua própria filha a viver uma vida
de celibato.
Por esta
interpretação, Jefté não matou a sua filha, e sim, a
condenou a viver uma vida celibatária até a sua morte, permanecendo
virgem para sempre.
Quem
defende esta tese, conclui que não houve sacrifício humano nenhum, até porque o
texto não dá mais detalhes sobre isto.
OUTRO PONTO DE DISCURSÃO é a
questão da tradução, onde pode ter havido um erro – falo na tradução para o
português, na escrita da conjunção
“e”, que, substituída
pela conjunção “ou”, mudaria todo sentido
da frase.
Assim a tradução seria “ou” se dedicaria ao Senhor, “ou” seria oferecida em holocausto. Não parece correto,
recomendável e sobretudo cristão, alguém
oferecer a vida de outro em sacrifício a Deus, já que
segui-lo é algo que deve ser espontâneo, livre, resultado de uma decisão única
e exclusivamente pessoal de quem deseja fazê-lo.
Eu particularmente fico com a
segunda linha de interpretação, mesmo respeitando quem defenda
outro entendimento.
Que Deus
nos abençoe, e que esta
palavra seja aplicada em nosso coração, como uma semente de
Benção.
PASTOR
EDUARDO SILVA